sexta-feira, março 31, 2006

...Surto Escolar

ESAMC. Sala 127. Nono Semestre. Comunicação Social. 19:40hs. Primeira Aula: Produção de Áudio (da mesma professora que me mandou pra fora da sala) - Consultoria.
20hs: fim da consultoria do meu grupo. Deixo meu material que consiste num caderno e num livro embaixo da carteira. 21:15hs volto para a sala 127 para apanhar meu material e me preparar para a segunda aula: só não contava com o sumiço de ambos.

“Era só o que me faltava!” – exclamei. “No começo roubavam retro projetores da faculdade, agora roubam até material? Porra! Eu comprei essa merda de livro ontem e paguei quarenta pila! Não acredito!”

Olho em baixo de todas as carteiras e não encontro nada. Vou até a secretaria:
“Minha filha, meu material sumiu, liga pra alguém aí!”
“Mas isso foi agora na primeira aula? O pessoal da limpeza não passou lá.”
“Mas LIGA pra eles! Meu material sumiu da sala! É a 127.”
“QAP Limpeza. QAP Limpeza. Você passou na sala 127 depois da primeira aula de hoje?
“Negativo.” (Nesse momento a moça da secretaria me olha dizendo: “eu avisei”).
“Bosta. Obrigado mesmo assim.” - respondo delicadamente.

Corro até a biblioteca, desço escada, subo escada, mando e-mail, pergunto pro tiozinho da catraca, ninguém sabe de nada. Num último raio de esperança volto para a sala 127, mas apenas frustro-me. Tomado pela ira, ainda dentro da sala decido cuspir meu chiclete para depois acertá-lo com um chute com toda minha força. O chute foi tão violento que o tênis saiu voando do meu pé, acertou o teto, caiu em cima da lâmpada e voltou no meu ombro. Não agüento a situação e começo a rir. Tudo isso me fez lembrar o primeiro ano da ESAMC, quando consegui fazer minha chave de casa ficar pendurada num cano que só os “monitores-quebra-galhos” conseguiram tirar. E é claro que a sala inteira presenciou o episódio.

(In)conformado, desisto da busca do tesouro perdido e vou para a segunda aula às 21:45hs apenas com uma BIC que eu achei no chão.

22hs. Toca meu celular. Saio da sala. É minha amiga da sala 127.

“Ô cabeção, você sabia que você esqueceu seu material na sala?”
“Não esqueci não, eu deixei ele lá porque eu tenho a segunda aula!”
“Ah é? Mas a gente não tem a segunda aula!”
“Mas eu tenho! Fotografia!”
“Achei que você tivesse ido embora! O pessoal da sala falou que seu grupo tinha saído depois que fizeram a consultoria.”
“Ah, deixa pra lá... depois cê me entrega. Valeu!”
“Ta bom, um beijo.”
“Outro.”
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“...Talk about me
Laugh about me...”

domingo, março 26, 2006

Passagens...

- Aaargghh!
- Há quanto tempo cê mora aqui, véio?
- Xeque.
- Eu não recomendo.
- ...
- Han?
- Dá um trago aí?
- To passando mal, véio.
- Ghost, do outro lado da vida.
- Não entendi.
- Eu não sinto meu canino direito.
- Fica com Deus.
- É nóis, mano!
- Pô, e o cara insiste!
- Nossa, engoli alguma coisa.
- Cadê o gelo?
- Só bater.
- Não fala isso, cara!
- Tira o boné aí, André.
- Cê fala alto hein, véio?
- Porra cara cê é sangue!
- Nossa mano, sério...acho que sou surdo.


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"...What a hell is going on?..."

terça-feira, março 21, 2006

...Diário de Pedro

Entre as chamas, este foi o único trecho intacto e legível encontrado do diário de Pedro.

“Não existe um único dia em que eu não me sinta todo confuso, perguntando-me vários ‘porquês’ e bolando estratagemas para tentar viver a vida da melhor forma possível. Às vezes, normalmente em momentos que não sei o que pensar, o mistério da existência cai sobre mim. Eu começo a ter algumas idéias desconcertantes sobre porque estamos aqui, como tudo começou, por que as coisas se desenvolveram desse método que é hoje... e tudo isso tenta formar um sentido na minha mente, ter uma ordem, como se fosse um quebra cabeça a ser resolvido. Mas a sensação que tenho é que as peças não pertencem a um único tabuleiro. Existem várias outras peças misturadas. Nunca nada faz sentido, fica só uma interrogação no ar, uma incógnita que você nem sabe dizer ao certo qual é a pergunta correspondente. Então minha mente pára de vagar, e eu volto ao mundo onde estou, sem direção, sem sentido, sem pensamentos”.

Pedro cursava o segundo ano do Ensino Médio e se suicidou aos dezessete anos. Pulou de um edifício empresarial no centro de São Paulo. A família está em estado de choque; não desconfiavam do estado depressivo de Pedro e desconheciam seu diário, que aparentemente foi queimado pelo garoto instantes antes do suicídio.
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“…I can tell you why
people die alone…”

quinta-feira, março 16, 2006

...Futuro Psicopata

Trrrrrrriiiimmmmmmm

“Alô!”
“Oi, por favor, a Natália está?”
“Só um segundo.”

“Oi!”
“Natália?”
“Isso. Quem é?”
“Meu nome é Caio, você ainda não me conhece. É que eu te vi hoje num restaurante enquanto eu estava comprando jornal e fiquei com muita vontade de te conhecer.”
“Thi, pára de graça, seu besta!”
“Não, é sério! Você estava no Sabor Infinito, às 14:17hs você saiu pela porta lateral: estava usando uma calça branca, mini-blusa preta e cabelos soltos.
“Mas esperaí! Como você sabe meu nome? Como sabe meu telefone? Como pode saber tudo isso se eu não te conheço? Quem é você?”
“Calma, não se assuste! Eu sou o Caio! Só queria te conhecer melhor, não vou te seqüestrar!”

“Ah, isso me alivia bastante! Eu quero saber como você chegou ao meu número e como sabe meu nome AGORA!”
“Ta. Quando você saiu do restaurante eu ouvi uma pessoa mais velha te chamando. Deve ser teu pai, né?”
“Não interessa. E meu telefone?”
“Bom, isso foi um pouco mais complicado, mas foi pura sorte! Eu gravei a placa do seu Palio, né? Daí liguei pra um amigo meu da polícia e pedi pra ele tentar identificar o dono do carro mais o telefone. Ele me disse que precisava de permissão pra fazer isso, então sugeri pra ele dizer lá que o carro era meu (já que lá o pessoal me conhece) e havia sido roubado. Aí, por muita coincidência, o seu Palio tinha uma multa por excesso de velocidade na Dom Pedro I no sábado passado. Foi perfeito! Ele me passou seu telefone e fingiu na delegacia que cuidaria do caso. Legal, né?”

“Você é doente?! Seu maníaco! Vou ligar pra polícia! Ah, porra, agora nem adianta mais com seus amigos por lá! Seu louco! Nunca mais ligue aqui, entendeu?”
“Nossa! Tudo bem, desculpe, eu só queria...”
“Peraí, peraí! Você disse ‘excesso de velocidade na Dom Pedro’? Sábado passado?”
“É, por quê?”
“Sábado passado meu pai tava trabalhando até mais tarde no escritório do centro, entrevistando algumas meninas interessadas numa vaga do shopping.
“Entrevistando várias meninas até mais tarde? Seu pai é gerente de RH? Responsável pela decisão final de quem é contratado ou não?
“(!!) É!”
“Você sabia que ali pela D. Pedro existe uma concentração de motéis, né?”

Slam!
Tu, Tu, Tu, Tu...
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“...I saw her face.
It was the face of love...”

sexta-feira, março 10, 2006

Aos 16

Eu digo:
“Vou me suicidar, cara. Vamos?”
“Vamos! Vamos pular da torre do colégio!”
“Mas o colégio não tem torre!”
“Então não vai dar!”
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"...My suicidal dream.
Voices telling me what to do..."

quarta-feira, março 08, 2006

...Sobre BloggerMan

Neste mundo onde tudo está do avesso, curiosamente apenas duas coisas estão martelando minha cabeça no momento: o namoro do Roberto Carlos (jogador) com a Ana Maria Brega Braga e esse tal de BloggerMan, que todo blogueiro “conhece”. Como ainda sou peixe no mundo dos blogs, acredito que tenha sido o último a saber. De qualquer forma, falarei (quem sabe) do Roberto Papa-Asilo Carlos numa próxima.

Acontece que, navegando pelos blogs Brasil a fora, percebi que muitos deles mencionavam sobre o mistério do BloggerMan e sua lista “What’s Up”. “Mas que Diabo?!” eu me perguntava por ver tantas especulações sobre isso e não ter a menor idéia do que se tratava. Decidi então fazer uma little research e tive alguns resultados interessantes. Corrijam-me os blogueiros pré-históricos mais experientes se trago informações incorretas.

O Blogger Brasil é um serviço da Globo.com, que teve origem no país devido sua parceria (em 2002) com Pyra.Labs (responsável pelo Blogspot). Com a opção de uploads de imagens dentre outros diferenciais que a matriz ainda não possuía, Blogger Brasil tornou-se um dos maiores hospedeiros de blogs brasileiros. Sua página inicial é atualizada pelo BloggerMan. Nela, ele disponibiliza uma lista chamada “What’s up” com blogs de destaque. Além desta, existe a BoN (Blogs of Note), com os melhores blogs da semana. O Blogger Brasil entrou em declínio no final de 2003, quando muitas falhas aconteciam, o que ocasionou perda de postagens, servidores fora do ar, novos termos de uso com novas limitações de serviços: apenas assinantes Globo.com teriam a opção de criar blogs, e os não-assinantes utilizariam apenas 10MB de armazenamento. Os que não respeitassem esse limite seriam retirados do ar. Isso deu um pau lazarento causou sérios problemas, mas não vem ao caso agora.

Foco: BloggerMan. Já li que o cara é o Demo, que desejam ser um príncipe num cavalo branco de tão lindo, que é um looser. Talvez o ódio germina-se no fato do cara destacar blogs sem revelar seus padrões de escolha. Percebo uma ambição enorme de alguns blogueiros em ter seu blog mencionado lá, revelando frustrações quando não se encontram no site. Tudo isso porque, pelo que percebi, todo blogueiro visita o BloggerMan quase que diariamente na esperança de ver seu blog como um TOP 10, o que geraria um provável aumento de audiência e reconhecimento do cara responsável pelo site Blogger Brasil (sim, o BloggerMan, seu estúpido!).

Minha ambição - Aí BloggerMan, meu próximo post vai ser meu CV. Será que você consegue me ajudar?
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“…And I need a job, so I want to be a paperback writer...”

quinta-feira, março 02, 2006

LUana, acredite!

Lá estava eu, feliz e ansioso na fila do cinema. Finalmente havia tomado coragem pra convidar a famosa Luana para um filme. Deveríamos nos encontrar às 20:30hs nas bilheterias. Às 20:15hs, quando cheguei, não me importei com aquela fila de INSS à minha frente em todos os caixas, afinal, era LUANA que estaria comigo. Além disso, quando ela chegasse, eu já teria comprado nossos ingressos e ela não precisaria encarar aquele formigueiro. Um mísero pontinho!

20:35hs. Estou no mesmo lugar, a fila não andou nem um pouco, Luana não havia chegado e eu mal tinha espaço pra mudar o pé de apoio. Quando estava começando a sair do sério com essa situação, sinto duas mãos envolvendo meus olhos pelas minhas costas, e escuto uma fina e delicada voz dizendo “adivinha quem é!” Sinceramente, não gosto desse tipo de brincadeira. É óbvio que responderia “Luana”, mas e se por acaso fosse outra? Pior: e se Luana chega e vê essa cena? Enfim, acabei respondendo “Oi Lu, não imaginava que você tivesse esse lado extrovertido.” A voz: “Bobo, gostei de te surpreender”, e tirou as mãos dos meus olhos pra me abraçar (ainda pelas minhas costas). Quando olhei aquele braço peludo no meu pescoço, tirei aquilo tão rápido e desengonçado que parecia que meu peito estava em chamas.

Quando me virei e dei de cara com aquele “rapaz”, arregalei os olhos e soltei um amedrontado “Caralho mano, o quê que é isso?!” Eu estava de frente pra maior bicha de todos os tempos: calça de couro agarrada, mini-blusa, faixa no cabelo da mesma cor amarelo fosforescente que o tênis. Eu não sabia se ria ou enchia aquela bitana de porrada por ter me agarrado daquele jeito.

“QUEM É VOCÊ?”, berrei. “EU TE CHAMEI DE LU, PORRA!”
“Mas eu sou o Lu, Luciano.”
“Putaquepariu, cê me confundiu. Aliás, me confundiu bastante. Eu não sou gay não, to esperando uma garota.”
“Que garota? Quem é ela? Então você não é gay?”
“NÃO, inferno!”
“Você é bi e nunca me falou? Cachorro, eu achei que era exclusivo pra você.”

Terminou com um tapa no meio da minha fuça, virou as costas e saiu correndo (e chorando) com as mãozinhas pra cima. Por Deus, o que havia acabado de acontecer? A tanga-frouxa definitivamente me confundiu ou fez um teatro pra multidão? Olhei para os lados. Todos me olhando. TODOS, inclusive Luana, no meio do bando.

“Hum...Lu, desde quando você ta aí? Eu posso explicar...”